sábado, 20 de junho de 2015

Acto primeiro


"Estações e apeadeiros abandonados de Portugal" pretende acima de tudo reflectir a minha paixão de infância pelos comboios (e que mais tarde tomou rumos cósmicos) com o interesse pelo património abandonado que pontilha o nosso país.

Desde as velhas casas dos guardas florestais e guarda-fiscal, passando por escolas, fábricas, estações e apeadeiros de caminhos-de-ferro, complexos mineiros, sanatórios, etc., o abandono a que este património foi condenado é o reflexo da política que nesta país ganhou escrita de lei a favor de um suporto desenvolvimento que trouxe a ruína para muitas terras Portuguesas.

Condenado à tirania do petróleo e dos interesses instalados, este património vai-se degradando e com ele perde-se uma parte da História de Portugal.

Haverá quem conheça melhor a história dos caminhos-de-ferro, pois esta não é uma área de estudo sobre a qual me tenha debruçado. Porém, a nostalgia de duas linhas que se juntam no infinito por entre o chilrear dos pássaros ou o silêncio da paisagem, fez surgir a necessidade de criar uma memória futura destes lugares e assim, talvez, preencher uma lacuna nas minhas recordações de infância na qual, pelos Domingos de manhã, o meu Pai me leva «a ver os comboios» à estação de Braga.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)